sexta-feira, 26 de junho de 2009

Doenças da fome

















A palavra fome pode abranger dois significados, sendo eles apetite e subalimentação. No que se refere a apetite significa vontade de comer um fenômeno instintivo e responsável por motivarmos a nos alimentar. Já como sinônimo de subalimentação, fome é a impossibilidade de comer, ou seja, de satisfazer esse instinto.
Sabe-se que o instinto de apetite diferentemente dos demais é o único cuja satisfação esta diretamente subordinada à situação financeira dos indivíduos. Dessa forma quais seriam os fatores que são condicionantes para se ter uma boa alimentação e assim possibilitar a segurança alimentar e nutricional da população que se encontra em situação de vulnerabilidade?
Dois fatores são imprescindíveis a boa alimentação: Quantidade e qualidade. Pela ordem quantitativa é impossível alimentar-se bem comendo pouco. Isso porque nosso organismo precisa de energia suficiente para manter nossas necessidades nutricionais e evitar uma situação de desequilíbrio nutricional. Essa é a definição de fome global, energética ou caloria.
Qualitativamente, a dieta deve apresentar um aporte de alimentos protetores dentre os quais se destacam as proteínas, vitaminas e minerais. A ausência desses na dieta a médio e longo prazo pode levar ao desenvolvimento de fome parcial que se define tanto pela ausência desses alimentos na dieta quanto pela insuficiência desses (monotonia alimentar ou desequilíbrio alimentar).
Porém a realidade ao qual estamos inseridos submete boa parte da população à condição de má alimentação sendo os grupos biologicamente mais vulneráveis as crianças de até quatro anos, mães em amamentação e gestantes. Isso por dois motivos básicos. Primeiramente, essa é a faixa da população mais sensível a doenças infecciosas e que mais necessita ser protegida pela boa alimentação. Além disso, a fome vai deixando traços e deformações que serão absolutamente irreversíveis, sobretudo nas crianças, pois ela rouba do individuo boa parte daquilo que o seu potencial genético estava destinado a realizar.

Por esse motivo, que as ações devem voltar-se em especial sobre as crianças. Isso porque a desnutrição causa impacto direto no crescimento e desenvolvimento delas, assim como promove defeitos no sistema imune colocando-as com maior predisposição a doenças infecciosas e as verminoses. Duas formas extremas de desnutrição que se tem conhecimento são o Kwashiorkor e o marasmo. Ambos são caracterizados por déficits, sendo o primeiro por proteínas e o segundo por calorias. Entretanto é preciso estar atento a desnutrição discreta que assola dezenas de crianças em todo o planeta, pois é essa que vai matando aos poucos e conduzindo a sérios danos a saúde.
A fome é sem dúvidas uma doença social e que torna doente a própria coletividade por onde se propaga. Isso porque o desnutrido costuma ter menor motivação para estudar o que geralmente corrobora para os altos índices de repetência e até mesmo abandono escolar. Assim, a sociedade perde duplamente, pois a criança desnutrida de hoje tornar-se-á o trabalhador pouco qualificado de amanhã. Além disso, essa mão de obra pouco qualificada geralmente será mal remunerada, tornando o mercado interno limitado e pouco desenvolvido economicamente.
O movimento de globalização vem intensificando a propagação de fome pelo mundo uma vez que o mesmo propõe uma mudança no padrão alimentar das sociedades atingidas. Dessa forma interesses econômicos se sobressaem à cultura e hábitos alimentares desses países alvos de excedentes agrícolas e se forma um padrão homogeneizado, onde o trigo e todas as marcas exportadas pela potencia mor se torna um símbolo de inclusão no mundo civilizado.
No Brasil, a discrepância entre pobres e ricos é gritante. Isso é em parte reflexo de um sistema colonial de exploração e concentração de rendas que ainda hoje é vigente em nossa sociedade.

Hyolanda Reis, Layane Thaís e Marília Rocha (Autoras do resumo).

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